quinta-feira, 4 de junho de 2009

Paulo Alves diz que os jogadores não aguentaram pressão


Paulo Alves foi um dos convidados do programa “Grande Auditório” da Rádio Vizela, realizado no passado dia 30 de Maio. O treinador do FC Vizela, que já renovou por mais uma época, admite que a temporada ficou aquém das expectativas. Na sua opinião registaram-se um conjunto de factores, que ditaram a fraca pontuação dos vizelenses.


RádioVizela (RV) - Chegou com a época em andamento. Foi complicado adaptar-se ao novo clube?
Paulo Alves (PA) - Desde cedo que me apercebi da seriedade das pessoas e das suas intenções, o que me deixou desde logo à vontade. Conhecia praticamente todo o plantel, mas de uma forma geral. Apesar do atraso que o FC Vizela tinha, confesso que tinha outras expectativas. Depois, com o trabalho diário, fui-me apercebendo de algumas coisas que obstaram a que pudéssemos fazer um melhor trabalho. Mesmo assim, mantinha a esperança. Fomos ganhar ao Gondomar, empatámos em Barcelos e vencemos no Estoril.


RV – Sentiu que a equipa estava melhor do que quando cá chegou?
PA - Eu nunca falei do meu antecessor, mas a equipa sofria, quando cheguei, derrotas muito pesadas. Algo estava mal e tinha que rapidamente ser alterado. Conseguimos alterar o rumo das coisas, ganhámos alguns jogos e a equipa motivou-se. Depois, perdemos pontos com Varzim e Boavista, jogos onde tudo nos aconteceu. Não marcámos as penalidades, atirámos bolas ao ferro, não conseguindo dar expressão à nossa boa exibição. Esta situação criou tensão e dúvidas entre os jogadores e nunca mais os deixou de acompanhar.


RV - De que forma tentou inverter o rumo negativo dos acontecimentos?
PA - Nunca deixei de procurar soluções, analisando as coisas num prisma mais profundo. E há sempre duas análises que se podem fazer. A mais visível, a dos resultados, foi má. Para mim ganhar no futebol é tudo. Podíamos ter ganho muitas mais vezes e as coisas seriam diferentes. Por outro lado, tenho, como treinador, de procurar causas para estes resultados. Cheguei à conclusão de que havia jogadores no FC Vizela que não aguentavam a pressão e não estavam à altura das exigências em algumas partidas. Havia também alguma falta de ambição em alguns jogadores, que provocava uma tensão e que obstava, na hora do remate, a que houvesse uma confluência positiva e a bola entrasse.


RV - Consegue explicar tantos empates?
PA - Também podia falar na sorte, que nos faltou em muitos jogos, mas não quero ir por ai. Faltava qualquer coisa. Ainda procurámos atenuar a situação com as inclusões de Marques e Bakero no mercado de Inverno, mas é sabido que nessa altura estávamos sujeitos a integrar os atletas que estavam disponíveis. Esta equipa teria que ter um enquadramento diferente.


RV - Se fosse o Paulo Alves a elaborar este plantel, teria feito as coisas de outra forma?
PA - Não posso olhar para trás. No entanto, acho que teria feito as coisas de modo diferente. Teria procurado jogadores mais completos a todos os níveis, incluindo o psicológico.


RV- Mesmo assim, no final das partidas, sempre elogiou os seus atletas?
PA - Não faz parte das minhas características , ao contrário de colegas meus, desancar nos jogadores, por qualquer lance que tenha acontecido. Nunca o irei fazer. Faço-o no balneário, cara a cara, para ter um balneário saudável.


RV- O que destaca nesta temporada de positivo?
PA - As exibições foram-no muitas vezes, contudo, sem o brilho das vitórias. De todas as equipas que treinei até ao FC Vizela, esta foi a que consegui pôr a jogar melhor. Foi muito organizada na maioria dos jogos e sofria poucos golos. Mas não senti o brilho, pois o reflexo tem que ser sempre os resultados. Adoro ganhar e a direcção e os adeptos também o exigem. A equipa jogou bem e isso é trabalho meu, mas fica a frustração pelos resultados.


RV - Houve outros factores que tivessem prejudicado de alguma forma a equipa?
PA - Nada faltou a esta equipa. A direcção esteve sempre presente, mesmo nos momentos mais difíceis. Já estive em outros clubes e sei que isso tem um valor enorme. Dos sócios também chegou apoio, apesar de frustrados com os resultados. Em relação à arbitragem, não me pareceu que tivéssemos sido prejudicados.

RV - Foi fácil acordar a renovação?
PA - Foi quase natural. Sempre disse que gostaria de continuar no clube, porque entendo que o meu trabalho ainda está a meio. Tenho falado com a direcção e estamos em sintonia em relação ao que precisamos para o plantel da próxima temporada. Compreendo a contenção orçamental, só assim o clube poderá cumprir.


RV- Está preocupado com o envolvimento do clube no processo “Apito Dourado”?
PA - Como todos. O que posso prometer é que tentarei fazer muito melhor na próxima época passada. Construir um plantel mais completo que consiga boas exibições e os resultados que todos desejamos.

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